Polícia

Casos de cárcere privado são freqüentes na região, aponta advogada

14/08/2018
Portal Adesso

     Falta de informação faz com que as mulheres, nem saibam que são vítimas de seus esposos. Casos geralmente são denunciados por vizinhos.

     Nas últimas semanas, uma enxurrada de casos de feminicídio e violência contra a mulher, têm tomado conta de noticiários em todo o país. Apesar desta realidade parecer estar distante de cidades como Carlos Barbosa e Garibaldi, profissionais que atuam na área discordam disso.

     Nesta semana o PORTAL ADESSO conversou com a advogada Bruna Marin Rossatto, ex-coordenadora do projeto Mais Marias e membro da Comissão da Mulher Advogada.

     Segundo a advogada, a região concentra muitos casos de violência psicológica, onde o agressor humilha e xinga a vítima; violência patrimonial, onde o agressor, geralmente esposo da vítima priva a mesma de controlar seu próprio dinheiro e, cárcere privado, onde a vítima não pode deixar a casa onde mora.

     Em muitos casos, a mulher não sabe que está sendo vítima de violência, pois a conduta do companheiro é algo considerado comum. Para Bruna, a falta de informação, aliada a cultura local, são os principais obstáculos da luta contra a violência.

     “A cultura local tem um forte caráter machista, onde a mulher é vista como posse do esposo. Com isso surgem os relacionamentos abusivos. Imagina que a mulher casa e depois disso, é proibida de sair de casa ou então, precisa entregar todo o salário para o marido, ficando sem nada para ela”, explica.

     Além disso, a advogada ressalta que a maior parte dos crimes de cárcere privado, são denunciados por vizinhos. Entretanto quando a policia se dirige ao local para checar a situação, a vítima não sabe o que está acontecendo.

     “Infelizmente é uma circunstância muito banal para as mulheres, principalmente as que vivem no interior. A realidade de não poder deixar a casa por conta dos afazeres domésticos e, ficar totalmente dependente do marido, é algo visto como normal, pois já acontecia antes, com as mães delas”, afirma.

     Para Bruna, apenas a educação e disseminação de informações podem acabar com hábitos como este. Desde o início do ano, a advogada vem realizando palestras com alunos de 11 a 15 anos, de escolas da região. O foco, é fazer com que os jovens e adolescentes aprendam a identificar casos de violência doméstica e, levem informação para sua família.

 

 

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