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Policia Federal apreende dinheiro vivo com assessor de Deputado Federal

Investigação mira propina recebidas em emendas para hospital gaúcho
13/02/2025
Fonte: Portal G1/RS
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     A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (13) , a Operação EmendaFest, a fim de investigar crimes de desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva. O objetivo é apurar um possível desvio em emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul. Policiais federais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e dois mandados de busca pessoal. A Justiça também determinou o afastamento do cargo e das funções públicas de dois investigados, além do bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas.

     As ordens judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, foram cumpridas em Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Lajeado e Brasília (DF). Segundo a apuração da PF, o grupo envolvido na irregularidade pegava para si 6% dos valores das emendas destinadas ao hospital. O dinheiro aparecia na documentação como uma "contrapartida" pela "captação de recursos", ou seja, pela destinação da emenda.

     Os nomes não foram divulgados, mas a GloboNews apurou que a investigação cita o deputado Afonso Motta (PDT-RS). O chefe de gabinete de Motta, Lino Furtado, está entre os alvos das buscas. O diretor administrativo da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional do RS, Cliver Andre Fiegenbaum, também é alvo de buscas.

     "A Justiça também determinou o afastamento do cargo e das funções públicas de dois investigados, além do bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas", informou a PF. Até as 8h20, a Polícia Federal já tinha encontrado R$ 160 mil em dinheiro vivo com alvos da operação – entre eles, Lino Furtado. Em um dos endereços dos mandados, policiais também encontraram aparelhos celulares escondidos no forro do teto. Um funcionário do hospital que receberia a emenda e um terceiro envolvido, ainda não identificado, também estariam com parte desses valores.

     As investigações incluem ainda, segundo apurou a GloboNews, o uso de um "contrato de propina" entre os participantes – um documento que indicaria o valor total da emenda e o percentual dos desvios.


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     O parlamentar é citado na investigação da "Operação EmendaFest". 

     Afonso Motta, de 75 anos, é natural de Porto Alegre, capital gaúcha. É advogado, formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na turma de 1972.

     Em 2010, candidatou-se a deputado federal pelo PDT, obtendo 71.607 votos. Não se elegeu na ocasião, constando como suplente na chapa. Na eleição seguinte, registrou 90.917 votos e assumiu seu primeiro mandato na Câmara. Desde então, foi reeleito em 2018 e em 2022, com 65.712 e 70.307 votos, respectivamente. Na Câmara, seu papel de maior destaque em uma comissão permanente foi o de presidente da Comissão de Trabalho, posto que exerceu entre março de 2021 e abril de 2022. Entre 2015 e 2018, foi líder do PDT na Câmara em diversos períodos.

     Afonso Motta é autor de cinco projetos transformados em lei, mas nenhum deles possui o gaúcho como único autor da norma.



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