Após aplicação de injeção na UPA, menina de dois anos perde movimento
Laura da Silva Guarezi, de apenas 2 anos, está internada desde o fim de março no Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, após apresentar complicações graves que começaram com uma simples febre. Segundo a mãe, Gisele Dall Agnol da Silva, a menina perdeu o movimento das pernas e o controle da urina e das fezes após receber uma injeção na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, no dia 25 de março.
A criança foi levada à UPA com sintomas de febre e diagnosticada com infecção de garganta. Conforme Gisele, a profissional que atendeu a filha teria prescrito Benzetacil, um antibiótico injetável. A mãe relata que o procedimento foi feito sem a devida higienização da pele, levantando suspeitas de falha no protocolo. “A profissional apareceu com a seringa pronta. Não vi abrir a embalagem, nem limpar o local com álcool”, afirmou.
Após a aplicação, Laura passou a apresentar dificuldades para caminhar. “Após voltar pra casa, minha bebê já não mexia a perna esquerda, não conseguia ficar em pé”, contou Gisele. Mesmo retornando à UPA em 28 de março, a orientação teria sido apenas para continuar com o uso de paracetamol e ibuprofeno. A situação se agravou na noite do dia 29, quando a menina foi levada novamente à UPA, apresentando dor intensa. Após novos exames, foi transferida para o Hospital Tacchini, onde exames identificaram uma infecção bacteriana na região do quadril, exatamente onde havia sido aplicada a injeção. A criança precisou passar por uma cirurgia de raspagem.
No hospital, Gisele recebeu a explicação de que a bactéria teria migrado da garganta até o quadril, o que ela contesta. “É muita coincidência a bactéria parar justo no mesmo lado e local da injeção. É difícil acreditar nisso”, desabafa. Segundo a mãe, Laura só tem alívio das dores após aplicações de morfina e quase não se alimenta desde o dia 25. “Ela estava saudável, caminhando, sem usar fraldas. Agora está definhando em uma cama de hospital e usando fraldas novamente”, lamenta.
O caso de Laura levanta sérios questionamentos sobre o atendimento prestado nas unidades de saúde públicas do município. A família pede esclarecimentos e cobra responsabilidade dos profissionais envolvidos. “Só quero minha filha de volta, caminhando, com saúde. Ninguém imagina a dor que estamos sentindo”, disse Gisele
Prefeitura de Bento emite nota sobre caso de menina hospitalizada
Após quase 12 horas de espera, a Prefeitura de Bento Gonçalves finalmente respondeu sobre o caso da menina Laura da Silva Guarezi, de 2 anos, que está internada no hospital com infecção na região do quadril, após a aplicação de uma injeção de benzetacil. A menina não corre risco de morte, mas ainda não consegue caminhar devido à infecção. Em nota, o poder público informou que durante o atendimento realizado no dia 25 de março não houve intercorrências com a criança após a aplicação da injeção. Explicou ainda que ela ficou em observação e não apresentou reações adversas. A nota explica ainda que, no dia 28 de março, quando foram acionados novamente, orientaram o retorno imediato e então a paciente foi reavaliada e internada no Hospital Tacchini.
Confira a íntegra da nota
Nota oficial da Prefeitura de Bento Gonçalves
A paciente pediátrica foi atendida na UPA 24h, em 25 de março, onde recebeu medicação intramuscular após avaliação médica. A aplicação ocorreu sem intercorrências, e a criança permaneceu em observação, sem apresentar reações adversas.
No dia 28, ao serem informados das dificuldades de locomoção, a equipe orientou o retorno imediato. A paciente foi reavaliada e transferida ao Hospital Tacchini, com suspeita de infecção articular.
Segundo a literatura médica, esse tipo de infecção ocorre, em sua maioria, por via hematogênica — por disseminação pela corrente sanguínea, sem relação direta com o local da aplicação.
Seguimos atentos e solidários à saúde da paciente. Cuidar da população, especialmente de nossas crianças, é e seguirá sendo nossa prioridade.