Persona

Persona: Ivan Bellini e sua centenária relojoaria em Garibaldi

04/03/2017
Portal Adesso - Fotos: Flávio Antônio Ballejo
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     Nesta semana, na sessão Persona, vamos contar a história da mais antiga relojoaria do Rio Grande do Sul. Instalada em Garibaldi, a Bellini iniciou suas atividades no século passado, quando a tradição de fazer joias e alianças vieram na bagagem do patriarca da família João Bellini, que deixou a Itália em 1887, na esperança de um novo futuro no Brasil. O ofício e a atividade tem passado de geração em geração, sendo que Ivan Bellini faz parte da terceira geração dos Bellini que se estabeleceram em Garibaldi a cerca de 140 anos atrás

     Funcionando no mesmo local onde foi edificada na Rua Buarque de Macedo, a Relojoaria Bellini atravessa o século nas mãos de Ivan Luiz Bellini, que neste ano completará 80 anos de vida. Nascido em 11 de junho de 1937, Ivan diz que herdou a função do pai e a vida inteira seguiu neste ramo.

     Contando alguns episódios da história dos Bellini, Ivan comenta que seu avô, casou-se com uma integrante da família Guerra, moradora da localidade de Santa Clara, em Carlos Barbosa. Junto com a lembrança, ele mostra um quadro com o passaporte de seu avô João, emoldurado e exposto na loja. “A profissão de meu avô na Itália era ourives, fazia joias, alianças e outras peças que usasse este material”, contou. Ele também disse que as pessoas buscavam joias para se enfeitar, alianças para noivar e casar, e por isso procuravam seu avô João. “Hoje nós somos a loja mais antiga em funcionamento no Estado do Rio Grande do Sul. No ramo joalheiro, estamos no mercado há 140 anos”, reforça Ivan.

     Além de trabalhar com joias, João Bellini montou uma fundição de sinos para igrejas, os quais eram comercializados e abasteciam o Brasil e até outros países. Ivan conta ainda que o pavilhão onde era feita a fundição, existe até hoje, nos fundos do prédio onde está instalada a relojoaria. Bellini destaca também que devido à grande procura e tamanha dificuldade no transporte dos sinos, a fundição foi transferida para a cidade de Canoas, ficando assim, mais perto das empresas que faziam o transporte. Em Garibaldi, a produção de sinos permaneceu por 40 anos.

     Após saber um pouco mais sobre a relojoaria e a fábrica de sinos, Ivan Bellini contou sobre a história da família, sua vida, seus pais e irmãos. “Nós éramos em três irmãos, infelizmente o que estava cuidando da fundição de sinos em Canoas, Vades Bellini, faleceu muito cedo. O outro, Ione Bellini, se dedicou a engenharia nuclear, ficou por mais de vinte anos morando na Europa, se especializou e hoje, aos 81 anos, segue trabalhando em Angra dos Reis”, recorda Ivan.

     Filho mais novo, Ivan foi o único dos filhos que ficou morando com os pais Luiz e Ernesta Grassi Bellini. O relojoeiro contou também que perdeu o pai quando tinha 28 anos, sendo que seu pai faleceu com 74 anos. Durante a entrevista, Ivan também relembrou da maneira que perdeu sua mãe Ernesta. “Ela foi assassinada, foi estrangulada e até hoje não se sabe o que aconteceu. Não se teve uma pista nem a autoria do crime”, falou Bellini que comovido disse não lembrar a data correta do crime e a idade exata da mãe na época. Ele ainda afirmou que gostaria que fosse investigado mais profundamente este fato que foi tratado como assalto seguido de morte (latrocínio).

     Ainda falando sobre sua vida, Ivan Bellini comenta que é formado em ciências econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. “Na faculdade eu não era chamado pelo nome Ivan, mas pelo apelido, Nota Dez “, conta dizendo que o apelido talvez seria pela sua aplicação.

     Em suas oito décadas de vida, a economia do país sofreu algumas mudanças e o no mercado do ouro não foi diferente. “Antes as pessoas queriam se enfeitar com joias e muito ouro, coisas valiosas, mas hoje, elas aparecem na loja para vender, nos oferecer. Todos os dias aparece alguém querendo vender as joias e outros objetos”, diz o joalheiro Ivan.

     Perguntado sobre os negócios e a herança construída pelo pai, a quem dará continuidade ao ramo dos Bellini, Ivan comenta que busca repassar as atividades a uma sobrinha, esperando que ela dê continuidade a história da centenária família Bellini no Brasil.

 

 

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