Economia

Abates de gado caem ao menor nível desde 2019

Escassez hídrica e alto custo de grãos impactam oferta de carne. Animais estão mais produtivos e chegam ao frigorífico mais jovens
26/04/2022
Correio do Povo

     O total de bovinos abatidos de janeiro a março deste ano no Estado foi de 419.860 cabeças. O número é 10% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2021 e reflete o menor nível de abates para o período dos últimos quatro anos, de acordo com a Carta Conjuntural divulgada nesta segunda-feira pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS.

     A queda deve-se à redução de 40% no abate de fêmeas, na comparação com o mesmo período de 2021 – 60 mil matrizes deixaram de ser abatidas. “Isso representa uma ação do produtor de reter matrizes para aumentar a produção de terneiros. Ou seja, está ocorrendo uma recuperação da cria”, explica o professor Julio Barcellos, coordenador do Nespro. A Carta cita também o impacto da estiagem no último verão em falhas reprodutivas, decorrentes da escassez hídrica. Os custos altos dos grãos, das rações para engorda e a diminuição do rebanho nos anos anteriores também contribuíram para a oferta menor.

     A redução na idade de abate foi outro destaque. Os bois com mais de 36 meses foram 19% dos abates de janeiro a março deste ano, ante 25%, 29% e 35%, respectivamente, no mesmo período de 2021, 2020 e 2019. A Carta indica ainda a estabilização no rebanho gaúcho (11,1 milhões de cabeças). Na comparação entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022, a produção de carne recuou 6%, para 99.927 toneladas, por conta do aumento do peso médio da carcaça. “O RS está melhorando a produtividade”, avalia Barcellos.



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