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“A mão de Deus me tirou de dentro deste avião”, diz Sérgio Chesini

Maior tragédia da aviação brasileira completa 15 anos. Atual prefeito de Garibaldi conta como escapou da morte
18/07/2022 Em Garibaldi
Portal Adesso - Foto: ADESSO TV

     Neste domingo (17), completa-se 15 anos do acidente com o voo JJ3054 da companhia aérea TAM. O avião havia decolado às 17h16 do Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre com destino ao Aeroporto de Congonhas em São Paulo. Às 18h48, logo após pousar, a aeronave não conseguiu parar, furou a pista e bateu contra o terminal de cargas da própria empresa que ficava ao lado de um posto de combustível. A tragédia vitimou 199 pessoas, sendo 187 passageiros e 12 que estavam em solo. Entre os mortos, 98 pessoas eram nascidos ou moravam no Rio Grande do Sul. 

     O Atual prefeito de Garibaldi, Sérgio Chesini (PP), que na época atuava como diretor do Moinhos Cruzeiro do Sul era para estar entre às vítimas da tragédia, porém, um erro em sua passagem, fez a TAM lhe acomodar no próximo voo que decolaria após o JJ 3054. Nossa equipe conversou com Chesini nesta semana, que emocionado contou detalhes. Sentado na mesa de reuniões do gabinete na prefeitura municipal de Garibaldi, Sérgio Chesini antes de relatar a história respira fundo e coça os olhos que ficam marejados toda vez que relembra o fato.

     “Era uma terça-feira, e estávamos em uma reunião mensal junto com o presidente da empresa Rubem Wiethaeuper em Canoas. Saímos da reunião e no meu carro nos deslocamos até o aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre para embarcar no voo da TAM que partiria às 17h16. A noite tínhamos um jantar com um armador grego, para fretar navios com trigo e na quarta-feira estava marcada outra reunião de diretoria em São Paulo”, contou Sérgio. Ao chegar no aeroporto, o funcionário da TAM percebeu que Chesini tinha a passagem com o trecho trocado. Ao invés de estar Porto Alegre/São Paulo, o destino era inverso, ou seja, São Paulo/Porto Alegre. Gentilmente, o presidente e amigo Rubem ofereceu sua passagem para Sério pois Chesini tinha este outro compromisso. Foi então que o funcionário da companhia aérea encontrou uma solução e remarcou a passagem para o próximo voo que partiria de Porto Alegre um pouco depois do voo trágico. 

     “Eu e o Rubem nos despedimos, o desejei boa viagem e combinamos de nos encontrar horas depois em São Paulo”, conta Sérgio com a voz embargada e ressaltando que está foi a última vez que falou com o amigo. Logo depois do amigo embarcar, Sérgio Chesini foi para a sala de espera e ali, até que chegasse a hora do seu novo embarque ficou lendo o livro “O segredo”. Momentos depois, seu filho Nicolas liga desesperado querendo saber onde o pai estava. “Meu filho perguntou onde eu estava e eu falei que esperando no aeroporto. Ele me questionou se não era para eu ter embarcado no voo das 17h16 e daí expliquei que deu problema na passagem. Neste instante, chorando, ele me disse que o avião havia caído em São Paulo”, relatou Chesini.

     Ao desligar o telefone em estado de choque, Sérgio procurou novamente o guichê da TAM e lá foi informado que o avião que ele não embarcou por problemas na passagem era o que havia caído. O funcionário não quis lhe repassar a lista de passageiros, mas Chesini sabia que o amigo e presidente da empresa estava entre as vítimas. Desesperado, deixou o aeroporto esquecendo sua pasta com todos os documentos, que depois foi encontrada e devolvida. A primeira ligação de Sérgio foi para a mulher Nilsa para contar o que havia ocorrido e tranquilizar a família que ele estava vivo. Em sua primeira entrevista para uma rede de TV falando sobre a tragédia, Chesini respondeu para a repórter: “Se Deus me deixou aqui é porque ainda não cumpri minha missão”, destacou. 

     Passando a noite sem dormir pois além de chocado também auxiliou nos atos fúnebres do amigo e tomando providencias com relação a empresa, Sérgio Chesini ainda embarcou em outro voo na quarta-feira pela manhã. O atual prefeito de Garibaldi foi no sepultamento de Rubem Wiethaeuper no Rio de Janeiro. 

     “A mão de Deus me tirou de dentro deste avião. Quem poderia imaginar que há 15 anos atrás eu hoje seria prefeito de Garibaldi? Estou com 71 anos, não tenho nenhuma vaidade em ser prefeito, aliás, aceitei ser vice na chapa de Alex Carniel e jamais imaginava toda esta confusão política que ocorreu e muito menos que seria o prefeito em substituição de Alex. Portanto, se sobrevivi a esta tragédia e depois virei prefeito é porque tenho uma missão. Estou aqui para servir a auxiliar a comunidade de Garibaldi”, finalizou Chesini. 



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