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“Esta idosa está sendo induzida a não falar a verdade”, diz advogado do Hotel Pieta

Em depoimento aos fiscais do MTE, idosa que estava em hotel de Garibaldi teria afirmado que trabalhava de “segunda a segunda”
09/02/2023
Portal Adesso - Foto: arquivo

     Em conversa com os fiscais do Ministério do Trabalho – MTE, a idosa de 73 anos, que estava desaparecida da família há 44, e foi localizada em um hotel de Garibaldi no início deste mês contou detalhes sobre a sua vida durante os 30 anos que permaneceu no hotel Pieta, no Centro de Garibaldi.

     Conforme apurado, ela teria relatado que trabalhava de segunda a segunda nos últimos 20 anos realizando a limpeza do hotel. Pelo serviço receberia entre R$ 25 e R$ 50 por semana. O gerente regional do Ministério, Vanius Corte disse em entrevista que os relatos da idosa foram muitos significativos e que este caso pode se enquadrar no crime de trabalho análogo ao de escravo, uma vez que o artigo 149 do Código Penal diz que uma das condições para enquadrar neste crime é trabalho degradante e o apontamento do órgão tem muito a ver com o que vem sendo averiguado.

     Ele também disse que a idosa trabalhou de forma regular no hotel entre 1986 e 2000, registrada com carteira de trabalho - único documento que ela tinha. Depois deste período, a mulher foi desligada, mas disse ao órgão que teria continuado na área da limpeza. Assim, ela continuaria vivendo no local e recebendo esse ganho semanal. Aos fiscais, a idosa disse: “que trabalhava de segunda a segunda, que não tinha folga na semana, que trabalhava das 6h da manhã até as 16h, com uma hora de intervalo”, afirmou o gerente do TEM dizendo já possuir elementos importantes para seguir o trabalho. 

     Ainda na conversa com os fiscais, a idosa teria afirmado que nunca teve problemas com os proprietários do hotel e continuava morando no hotel pois trabalhava ali. 

     Para o advogado da família Pieta, proprietária do hotel, Flávio Koff, os familiares ficaram mais de 40 anos sem registrar o desaparecimento da idosa, sendo que o registro foi feito apenas no ano de 2021. “De uma hora para outra eles apareceram, possuem advogado e parece que o hotel que deu o abrigo a esta senhora é o vilão da história. Esta senhora está sendo induzida a não falar a verdade”, disse Koff. 

     O advogado ainda afirmou que pode ter gente querendo se aproveitar da situação para obter ganho financeiro com o fato. “O Hotel Pieta foi fundado em 1947, de lá para cá, teve uma rotatividade de funcionários, mais de centenas e só teve apenas uma reclamatória trabalhista. Nunca teve outra ação trabalhista, o que demonstra a forma de que eles tratam os trabalhadores. Se ela deu esse depoimento e confirmou isso aí, realmente ela com certeza deve estar induzida a isso, porque é uma grande mentira. Então, a partir de agora, entende-se que o desejo dos familiares, que registraram o desaparecimento 40 anos depois, já se torna o lado financeiro e não o lado humano” concluiu Flávio Koff.

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