Polícia

Polícia Federal apreendeu R$ 172,5 mil na casa do chefe de gabinete do ex-prefeito Cettolin

Micael Carissimi foi indiciado por corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa. Dinheiro estava em envelopes da empresa Concresart
26/05/2023 Em Garibaldi
Portal Adesso - Reprodução G1 RS

     Reportagem publicada nesta sexta-feira (26), em veículos do Grupo RBS e produzida pelo jornalista investigativo Giovani Grizotti, apresenta detalhes da Operação “Caementa”, desencadeada pela Polícia Federal - PF em Garibaldi no ano de 2018. Como o processo está em segredo de justiça, muito pouco se sabia sobre o crime e também dos envolvidos, mas a reportagem da RBS revela que o chefe de gabinete do ex-prefeito Antônio Cettolin (MDB), que na época era secretário municipal de obras de Garibaldi, Micael Carissimi, tem seu nome envolvido no esquema que investigou concreteiras.

    De acordo com a matéria, Micael foi investigado pela PF em esquema de Fraude em Licitações e indiciado por corrupção passiva e por supostamente integrar organização criminosa.

Na Operação, policiais federais foram até a casa do ex-secretário de Cettolin e apreenderam a quantia de R$ 10 mil que estava em seu automóvel e mais R$ 162,5 mil, que estavam guardados dentro de sua residência. O valor total de R$ 172,5 mil ficava acondicionado em envelopes com a identificação da empresa Concresart Tecnologia em Concretos LTDA", afirma o relatório da polícia. Como funcionário da prefeitura municipal de Garibaldi, Carissimi recebia de salário na época, pouco mais de R$ 5 mil reais. 

    Mesmo após os federais terem batido na casa de Micael e apreenderem toda esta dinheirama, e ele ser suspeito de receber pagamentos regulares da usina de concreto, o ex-prefeito Cettolin não o afastou do cargo e Micael continuou na assessoria de gabinete até o final do governo municipal em dezembro de 2020.

    Com a lentidão da justiça, o processo que envolve o integrante do MDB de Garibaldi anda de vagar, e até agora, segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal, o caso segue sob apuração, ainda sem exame do indiciamento pelo Ministério Público Federal. A mesma operação motivou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul que ainda não foi concluído. 


Mandante de Crime contra jornalista

     Além de ser investigado pela Polícia Federal, Micael Carissimi também foi indiciado pela Polícia Civil de Garibaldi como mandante do crime contra o jornalista do canal ADESSO TV, Daniel Carniel. Conforme o inquérito policial, o chefe de gabinete do ex-prefeito Antônio Cettolin, Micael teria sido o mandante da agressão sofrida pelo jornalista no dia 14 de janeiro de 2022. Na época, Carniel foi espancado quando chegava para apresentar o programa Prato Limpo. Câmeras de segurança flagraram dois homens, também indiciados pelo ataque, em frente ao prédio. O vídeo mostra um homem, de mochila, afastando-se e o agressor, de máscara, entrando no local.

     Em depoimento à Polícia Civil, o agressor declarou que teria recebido R$ 500 de um terceiro supostamente contratado por Micael para encomendar a agressão ao jornalista.


Emprego no Governo do Estado com salário de R$ 18.600

     Mesmo envolvido em casos com a Polícia Federal e com a Polícia Cívil, lideranças do MDB acomodaram Micael Carissimi em Cargos de Comissão – CC. O integrante do MDB de Garibaldi foi nomeado coordenador da assessoria de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do estado. A indicação para a vaga foi feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, Vilmar Zanchin (MDB). A nomeação no governo do estado foi publicada no Diário Oficial do dia 5 de maio. Carissimi foi anunciado no cargo pela secretária da pasta, Simone Stülp, em publicação nas redes sociais. O salário bruto para o cargo de comissário superior será de R$ 14.449,00.

     Porém, até o dia 17 de março, ele ocupava um cargo de assessor especial da Secretaria de Administração Penitenciária, com salário de R$ 18.637,10. Antes de ser nomeado no Poder Executivo, Micael Carissimi era assessor da Superintendência de Comunicação da Assembleia, de onde foi exonerado no dia 31 de janeiro de 2022, duas semanas após o atentado.

O que dizem os envolvidos

     A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Simone Stülp, informou que, "a partir dos procedimentos administrativos de averiguação e as consequentes deliberações do governo, tomará as providências cabíveis". O Palácio Piratini comunicou que, após tendo tomado conhecimento dos fatos, "o governo adotará os procedimentos administrativos de praxe para averiguação, respeitado o devido processo legal e lembrando que o indiciamento não pressupõe condenação judicial ou comprovação definitiva de culpa". A defesa de Micael Carissimi declarou que o político não foi denunciado pelo Ministério Público e não é réu "em qualquer processo criminal". Conforme a nota, não há qualquer impedimento ou restrição à "assunção de qualquer cargo público", seja comissionado, efetivo ou eletivo.

     A assessoria de comunicação do deputado estadual Vilmar Zanchin (MDB) informa que "as indicações para ocupantes em cargos comissionados do governo do estado partem dos partidos políticos que compõem a base aliada" e que a "efetiva nomeação segue critérios estabelecidos pelo Poder Executivo".

     Já o grupo Supertex Concreto Ltda, do qual faz a parte a empresa Concresart, diz que "implementou diversos programas de compliance, visando a atuação dentro das mais estritas regras de conformidade, relativamente às suas áreas de atuação, e vem colaborando com as autoridades em todas as demandas oriundas do juízo criminal". Conforme a nota, os fatos apurados são anteriores a janeiro de 2019, quando a empresa passou a ser administrada por gestão judicial, devido à recuperação judicial decretada pela Justiça.



MAIS NOTÍCIAS