Polícia

Covarde ataque contra o jornalista Daniel Carniel completa 02 anos

Apontado pela polícia como mandante do crime, Micael Carissimi, prestou serviços comunitários
21/01/2024 Em Garibaldi
Portal Adesso - Foto: Arquivos ADESSO TV e Reprodução

     Completou dois anos no último dia 14 de janeiro, o ataque sofrido pelo jornalista Daniel Tercílio Carniel, na porta do Canal ADESSO TV, no Centro de Garibaldi. Conforme a Polícia Civil de Garibaldi, que investigou o caso e remeteu o inquérito ao Ministério Público, o mandante é o ex-chefe de gabinete no governo Cettolin, Micael Carissimi, que também é apontado pela Polícia Federal de receber propina de uma empresa de concreto, sendo que em sua casa os federais apreenderam quase R$ 200 mil em dinheiro vivo. 

     Micael, que era um dos mais próximos do prefeito nos governos de Antônio Cettolin (MDB), não teria gostado de reportagens e denúncias de corrupção dentro do programa Prato Limpo, apresentado por Carniel e contratou um “capanga” para fazer o serviço sujo e armar a emboscada contra o jornalista.

     Micael Caríssimi, apontado pela polícia como o mandante do crime - Foto: reprodução

     Para isso, Micael procurou um traficante de Farroupilha (que foi assassinado meses depois do ataque) e ele, que tinha diversas passagens pela polícia, contratou o agressor que é morador de Carlos Barbosa. A apuração foi feita pela equipe do delegado de polícia de Garibaldi, que desvendou o crime em pouco mais de duas semanas. Ainda na época do crime, a polícia apreendeu o celular de Micael e na casa do agressor, foi apreendida as roupas que ele usou para praticar o ataque. Tanto o traficante contratado quanto o capanga, confessaram o crime para a polícia, inclusive contando onde o ex-chefe de gabinete havia se encontrado para tratar da emboscada.

     Após a conclusão do inquérito, advogados de Caríssimi tentaram impedir a coletiva de imprensa feita pela polícia com um mandado de segurança para que o delegado não divulgasse informações da investigação, no entanto, o juiz de Garibaldi, indeferiu o pedido. 

     Mesmo com vastas provas colhidas pela polícia e depoimentos dos outros dois envolvidos, Micael Carissimi negou o crime, porém, o ex-secretário acordou fazer uma “Transação Penal” com o Ministério Público - MP, onde atores de fatos criminosos aceitam cumprir pena antecipada de multa ou restrição de direitos e o processo é arquivado. Antes disso, Micael entrou com um Habeas Corpus solicitando não prestar serviço comunitário na prefeitura, alegando que poderia ser perseguido. O MP então acordou que as 90 horas fossem feitas na APAE de Garibaldi. Com esse acordo, e o pagamento das horas, o processo foi arquivado. Pelos próximos cinco anos, Micael Carissimi está impedido de realizar outra transação penal com o Ministério Público. 

 

REPERCUSSÂO NACIONAL

     A emboscada e o ataque sofrido pelo jornalista Daniel Carniel teve repercussão nacional. Televisões, Rádios, Jornais e Portais de Notícias dos principais veículos de imprensa do Estado e país noticiaram o fato e cobraram imediata apuração do crime. Na época, além dos grandes veículos de imprensa do Brasil, entidades internacionais como o Comitê para Proteção de Jornalistas se manifestaram: “As autoridades brasileiras devem agir para identificar os responsáveis pelo ataque ao jornalista Daniel Carniel e responsabilizar os perpetradores”, disse em Nova York a coordenadora de programas da América Latina e Caribe do CPJ, Natalie Southwick. “A violência contra jornalistas em retaliação a suas reportagens é uma tentativa flagrante de intimidar e silenciar a imprensa e, em última instância, mina o direito do público em geral ao acesso à informação”.


  







RECORD NEWS


LÍDERES DO MDB "ESCONDEM OU NÃO FALAM SOBRE O CRIME

     Mesmo com toda a repercussão que o caso teve, nenhum integrante do partido no qual Micael Carissimi faz parte se manifestou. Tanto no caso da Polícia Federal que apreendeu dinheiro na casa de Carissimi, quanto no caso do ataque ao jornalista, os políticos silenciam. 

     O ex-prefeito Antônio Cettolin (MDB) que é o “padrinho” político de Micael não toca nestes dois assuntos, muito menos os vereadores de oposição que quando usam a tribuna, falam de tudo, menos no que Micael está envolvido.


JORNALISTA LAMENTA O OCORRIDO

     O jornalista Daniel Carniel diz que este crime mostra o quanto a imprensa sofre: “Não é porque eu fui atacado, poderia ser com qualquer outro colega da imprensa. Nós não podemos aceitar e jamais nos calar diante destes fatos”, ressaltou. Ele também lamentou como algumas leis são brandas no Brasil. “O crime compensa. O cara vai lá contrata um capanga, arma emboscada, ataca e no final o que acontece? Vai lá presta algumas horinhas comunitárias e fica por isso mesmo. Absurdo!” destacou Carniel. 


    * Nossa reportagem procurou o ex-prefeito Antônio Cettolin para que ele comentasse sobre o ataque ao jornalista e também do dinheiro que a Polícia Federal apreendeu na casa do seu afilhado político, porém, não conseguimos contato. Fica aqui o todo o espaço para qualquer manifestação que o ex-prefeito desejar. 

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