Geral

Freira natural de Farroupilha recebe prêmio da ONU em Genebra na Suíça

Irmã Rosita Milesi tem um trabalho voltado aos grupos e organizações em prol dos refugiados
15/10/2024
Rádio Spaço FM

     A farroupilhense Rosita Milesi, 79 anos, irmã Scalabriniana , recebeu nesta segunda-feira (14), em cerimônia em Genebra, Suíça, o Prêmio Nansen, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). A premiação reconhece e celebra os trabalhos prestados por indivíduos, grupos ou organizações em prol dos refugiados.

     Ao apresentar a grande vencedora da cerimônia, o Alto Comissário do Acnur, Filippo Grandi reforçou a admiração de longa data dos trabalhadores humanitários por Irmã Rosita. “Irmã Rosita é uma lenda para muitos no Acnur e ela tem sido reconhecida assim há muito tempo. Muitos dos meus colegas acompanham e admiram sua coragem e liderança. Ela é uma irmã católica, trabalhadora humanitária e social, advogada e ativista. Mas acima de tudo, ela é irmã. Quem tem irmã sabe o que as irmãs fazem. Irmãs cuidam. Ela faz um trabalho incrível para migrantes e refugiados no Brasil. Ela ajuda com documentos, aulas, comida, lar. Isso é cuidar. Mas também sabemos que irmãs guiam. Ela tem sido uma guia fenomenal. Ela conseguiu mudar a legislação em seu país” comenta Grandi.

     Irmã Rosita ajudou milhares de pessoas refugiadas facilitando o acesso a abrigo, alimentação, cuidados de saúde, treinamento de idiomas, geração de renda e documentação no Brasil. Seu trabalho na Lei de Refugiados de 1997 ajudou a ampliar os direitos das pessoas refugiadas, assegurando assim que a lei contemple mais ações para proteger, incluir e empoderar pessoas forçadas a fugir, em conformidade com os padrões internacionais. “Uma certeza que eu tenho é que o caminho se faz caminhando”, destacou Irmã Rosita em seu discurso de agradecimento, recordando sua história, desde suas origens em Farroupilha até seus votos religiosos, aos 19 anos.

     Ela recordou a fundação, em 1985, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM), onde fundou um departamento para a assistência de refugiados, migrantes e apátridas. Naquele momento, ela destacou, haviam centenas de pessoas aguardando soluções para seus status legais no Brasil.

     Irmã Rosita recordou, também, a proposição da lei sobre refugiados. Um tópico era muito sensível: a definição de refugiados, que incorporava o espírito da Declaração de Cartagena. “Foi uma lei que colocou o Brasil na vanguarda, inovando e ampliando o conceito para incluir a grave e generalizada violação de direitos humanos como causa para reconhecimento da condição de refugiado”, pontuou. Ela destacou, ainda, a fundação do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em 1999, para atender, orientar, prestar assistência jurídica aos migrantes e refugiados. “Sinto-me feliz de dizer que não estou cansada de atuar nessa causa”, sublinhou Irmã Rosita, que compartilhou o prêmio com os refugiados, a família, a Congregação, representantes do governo, da sociedade e de entidades religiosas. Irmã Rosita fez, ainda, um apelo “às autoridades que usam as armas que destroem a vida”, pedindo que sejam substituídas as armas pelo diálogo respeitoso e pacífico. “Até quando continuaremos a ver crianças inocentes sendo mortas pela insensatez das guerras ou definhando de fome em um planeta tão rico de recursos e possibilidades. Minha oração pelas crianças refugiadas e todas aquelas que já não podem chorar e nem sorrir porque lhe tiraram a vida”, afirmou.

     Ela destacou, ainda, sua alegria em ver as mulheres sendo contempladas pelo Prêmio Nansen, destacando a sua resiliência como agentes de transformação. Irmã Rosita destacou, ainda, o legado de Nansen e pediu que todos possam agir com criatividade para buscar soluções que garantam proteção a todos os que precisam. “Com esperança, determinação e fé os caminhos abrem para que possamos caminhar e avançar”, finalizou Irmã Rosita.

     Além de Irmã Rosita, outras quatro mulheres receberam o Prêmio Nansen a nível regional, são elas: Maimouna Ba (África), Jin Davod (Europa), Nada Fadol (Oriente Médio e Norte da África) e Deepti Gurung (Ásia-Pacífico). Além disso, o povo da Moldávia recebeu menção honrosa por atuar em apoio aos refugiados que fugiram da guerra na Ucrânia.







MAIS NOTÍCIAS