Morre aos 97 anos o ex-governador Alceu Collares
Único governador negro eleito da história do Rio Grande do Sul, Alceu de Deus Collares morreu às 2h40min desta terça-feira (24), aos 97 anos. Vítima de pneumonia, ele estava internado desde segunda-feira (16) no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, que emitiu boletim médico na manhã desta terça informando o falecimento por "falência múltipla de órgãos" (leia a íntegra abaixo). Há oito anos, o ex-governador foi diagnosticado com enfisema pulmonar.
Collares deixa a mulher, Neuza Canabarro, os dois filhos — Antônio e Adriana —, a enteada Celina Carvalho e uma biografia marcada pela autenticidade.
Collares tinha enfisema há aproximadamente oito anos. A condição é crônica, e reduz a capacidade respiratória. Recentemente, em novembro, o líder pedetista tratou ainda de uma pneumonia. Mesmo após o período de recuperação, seguiu com algumas dificuldades. Ele também era portador de outras comorbidades. No decorrer da trajetória política, além de governador e prefeito, foi também vereador e cinco vezes deputado federal. Viveu em uma época de efervescência no país e pautou sua atuação na defesa de direitos trabalhistas e no destaque para a área da educação, bandeira histórica do trabalhismo ao qual teve a vida vinculada. Na carreira, e principalmente à frente dos mandatos executivos, criou e também enfrentou polêmicas.
Graduado em Direito após exercer uma série de profissões, era também poeta. Aos interlocutores, não se cansava de repetir que não podia ver um microfone que já começava a declamar. A oratória era uma de suas características marcantes, acompanhada pelo vozeirão e pelo sorriso largo, que fácil se transformava em gargalhada sonora. Com os três, ao longo de setenta anos, encantou aliados e desarmou adversários.
Collares nasceu em Bagé, em 7 de setembro de 1927. Antes de se formar em Direito, em Porto Alegre, em 1958, trabalhou como distribuidor de jornais e quitandeiro. Também foi telegrafista e professor. Ainda durante a graduação, filiou-se ao PTB. E, em 1962, foi eleito vereador na Capital pela primeira vez.
Três anos depois, já durante a ditadura, e com a implementação do bipartidarismo determinada pelo regime, passou a integrar a sigla de oposição, o MDB. Pelo partido, se reelegeu vereador em 1968 e deputado federal pela primeira vez em 1970, com mais de 120 mil votos, sendo o mais votado da legenda no RS para a Câmara dos Deputados naquele ano. Em 1974 se reelegeu, de novo como o mais votado do MDB gaúcho. Em 1978 conquistou o terceiro mandato de deputado federal.