Polícia

Casal é preso por tortura e cárcere privado em clínica de Farroupilha

Internos relataram agressões, dopagem, trabalho forçado e extorsão
25/06/2025
Portal Adesso

     Um casal foi preso na manhã desta quarta-feira (25) durante uma operação da Polícia Civil que investiga uma série de crimes cometidos em uma clínica para dependentes químicos situada nas proximidades da ERS-122, no bairro América, em Farroupilha. Os detidos, um homem de 31 anos e uma mulher de 40, administravam a instituição e são apontados como responsáveis por práticas de tortura, cárcere privado, lesão corporal, maus-tratos e extorsão contra pacientes.

     A ação contou com o apoio do Ministério Público e da Assistência Social, mobilizando 13 agentes da Polícia Civil. As investigações revelaram que a maior parte dos internos estava no local de forma irregular, sem qualquer laudo médico ou decisão judicial que justificasse a internação.

     De acordo com os depoimentos coletados, muitos pacientes foram levados contra a vontade, submetidos à sedação com substâncias desconhecidas e mantidos inconscientes por dias. Ao recobrarem a consciência, eram obrigados a realizar tarefas no interior da clínica sem remuneração ou abatimento nas mensalidades pagas pelas famílias.

     Os relatos incluem graves episódios de violência física e psicológica. Internos afirmaram que eram impedidos de sair e que fugas eram reprimidas com agressões severas. Um dos depoimentos descreve sufocamento com fronha molhada, espancamentos com socos e chutes, e até agressões nas partes íntimas. Em outro caso, um idoso de 91 anos teve o fêmur fraturado e só recebeu atendimento médico três dias após o ocorrido. Além disso, as autoridades investigam casos de extorsão praticados pelos administradores. Em um dos episódios apurados, uma família relatou ter pago R$ 13 mil para conseguir a liberação de um paciente mantido sob cárcere.

    Todos os internos foram resgatados e encaminhados às famílias ou às cidades de origem, sob acompanhamento da Assistência Social. A Polícia Civil informou que as investigações prosseguem para identificar possíveis cúmplices e garantir a interdição das unidades envolvidas. As autoridades orientam que denúncias sobre esse tipo de prática podem ser feitas de forma anônima, e são fundamentais para o avanço das investigações.



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