Pressão popular vence: Eduardo Leite desiste de financiar escola de samba carioca
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou oficialmente o cancelamento do repasse de verbas públicas para a tradicional Escola de Samba Portela, que desfilará no Carnaval do Rio de Janeiro em 2026. A decisão vem após uma reação pública avassaladora e crescente pressão política, que tornaram insustentável a ideia de investir dinheiro do estado em um evento carioca, enquanto o RS enfrenta momentos de grave crise social e ambiental.
Na semana passada, o governo havia anunciado que financiaria a Portela como uma estratégia de promoção cultural e turística do Rio Grande do Sul. O enredo da escola, que homenageia a cultura afro gaúcha, seria inspirado na vida de Príncipe Custódio — líder de origem africana que chegou a Porto Alegre no início do século 20 e se destacou como uma referência religiosa e política local. O investimento seria, segundo a gestão estadual, uma forma de divulgar a história e a diversidade cultural do estado para um público nacional.
Porém, a repercussão negativa foi imediata. O momento crítico no Rio Grande do Sul, com o retorno das chuvas intensas, enchentes e deslizamentos que já causaram mortes, desalojaram famílias e geraram prejuízos milionários, gerou um clima de insatisfação generalizada. Nas redes sociais, a publicação do PORTAL ADESSO que divulgou a notícia registrou 1364 comentários e quase 4 mil curtidas. Além disso, a matéria publicada no Instagram teve 210 mil 985 visualizações, sendo que a maioria das pessoas repudiava o uso de recursos públicos para um carnaval no Rio, enquanto tantas pessoas sofrem com os efeitos das catástrofes naturais no estado.
Em nota oficial, o secretário de Comunicação do governo gaúcho, Caio Tomazeli, esclareceu que a decisão de cancelar o patrocínio foi tomada para garantir a responsabilidade no uso do dinheiro público, especialmente diante da sensibilidade da população. Tomazeli também afirmou que o governador tomou o recuo após perceber que o tema “estava sendo distorcido por interesses políticos”, que vinham explorando a situação para desgaste da imagem do governo.
O caso expõe uma fragilidade na comunicação e no planejamento da gestão estadual, que inicialmente apostou em um projeto cultural distante da realidade do momento. Além disso, a reação do público deixou claro que qualquer decisão envolvendo investimento público em projetos culturais deve considerar o contexto social e a prioridade das demandas emergenciais.
Para especialistas, a repercussão serve de alerta para governantes que tentam usar eventos culturais fora do estado como estratégia de marketing, ignorando a percepção popular e a necessidade de diálogo com a sociedade. Por fim, a desistência do financiamento à Portela simboliza uma vitória da pressão popular e a reafirmação de que, em tempos de crise, o dinheiro público deve ser voltado para ações prioritárias e essenciais, em defesa da população local.