Jornalismo gaúcho perde o ícone Ruy Carlos Ostermann
Morreu nesta sexta-feira (27), aos 90 anos, o jornalista e comentarista esportivo Ruy Carlos Ostermann. Ele estava internado no Hospital Moinho de Vento desde 11 de maio e não resistiu a complicações de uma pneumonia. O cronista consagrado pelas análises de futebol e presença em Copas do Mundo começou sua carreira na Caldas Júnior, em 1962, trabalhando na Rádio Guaíba, Folha da Tarde e Folha da Manhã. Ostermann esteve em todos os mundiais de 1966, na Inglaterra; a 2014, no Brasil. Também deu voz às análises de títulos históricos do Grêmio, do Inter e da Seleção Brasileira.
Depois da Caldas Júnior, foi para o Grupo RBS em 1978. Também estudou filosofia e se tornou professor na Ufrgs. Foi duas vezes deputado estadual, eleito em 1982 e 1986, e também secretário de Ciência e Tecnologia e de Educação durante o governo de Pedro Simon. Natural de São Leopoldo, Ruy Carlos Ostermann deixa os filhos Cristiane, Fernanda e Felipe, além de cinco netos.
Na Rádio Gaúcha e Zero Hora ele ficou ainda mais conhecido e destacado no país
A contratação de Ruy Carlos Ostermann pela Rádio Gaúcha em 1978 foi a primeira grande revolução da história do rádio no Rio Grande do Sul. Comentarista idolatrado, marca da Guaíba, a mudança de dial inicia uma mudança no cenário radiofônico do Estado.
Ruy chega como um reforço "milionário e badalado", como um craque de aeroporto. Ele se junta a uma equipe que tinha Haroldo de Souza, Roberto Brauner, Wianey Carlet e Pedro Ernesto Denardin. Em Zero Hora, assume uma coluna diária. Esse grande grupo vai para a Copa do Mundo da Argentina, a quarta do Professor, para se igualar à então líder.
Além de comentar jogos, Ruy tem outra missão importante. Ele assume, desde sua chegada, o Sala de Redação. É dele a responsabilidade de lidar com figuras como Paulo Sant'Ana, Kenny Braga, Ibsen Pinheiro, entre outros, e manter no ar o programa mais tradicional do rádio brasileiro. Ruy só deixou a RBS entre 1987 e 1990, quando estava dedicado à política. Voltou no meio de 1990, a tempo de ir para a Copa da Itália. Ficou na empresa até o Mundial de 2014, no Brasil. Nesse período, também apresentou um programa diário de entrevistas, durante a tarde, na Rádio Gaúcha. E até 1983, chefiou todos os departamentos da rádio, quando chegou Flávio Alcaraz Gomes.
Foi no microfone da Gaúcha e nas páginas de Zero Hora que eternizou os maiores títulos da dupla Gre-Nal, como as conquistas dos Mundiais de Grêmio e Inter, além de Brasileiros, Copas do Brasil e Libertadores. Além disso, estava no Rose Bowl, em Los Angeles, no Tetra da Seleção em 1994, e em Yokohama, no Penta.