Persona

Persona: Sérgio Chesini, um homem à frente do seu tempo

Empresário que já foi vice-prefeito de Garibaldi e muito envolvido com o setor avícola se aposenta e volta a morar na cidade
11/05/2019
Por Benito Rosa - Fotos:Daniel Carniel-Portal Adesso/Arquivo Pessoal Sérgio Chesini
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     Durante 48 anos, três meses e vinte dias dedicado ao trabalho, Sérgio arrisca projetar sua nova fase da vida em uma frase divertida, bem ao seu estilo: “ Agora posso deliciar novamente aquelas compotas caseiras ao lado de meus familiares e curtir minha terra natal com meus conterrâneos que sempre guardei em meu coração “. 

     Com 67 anos, Sérgio nasceu em 29 de abril de 1951, e é filho de Arduino Chesini e Aniese Maria Mottin Chesini. É casado com Nilsa Montemaggiori Chesini, e tem dois filhos. Candice, casada com Ibanês Basso, que lhes deram duas netas, Isabella e Gabriella e Nicholas, atualmente morando e estudando nos Estados Unidos, casado com Juliana De Borba.

     Ao PORTAL ADESSO, Sérgio contou sobre seus antepassados. Seu avô paterno, Angelo Mottin, veio da Itália e o avô, por parte de mãe, Fiorindo Chesini, nasceu no Brasil e casado com Orsola Aimi Chesini.  O avô era analfabeto, e Sérgio se criou com ele até os 19 anos. Fiorindo, sempre viticultor, foi um dos fundadores da Cooperativa Vinícola Garibaldi Ltda, e da rede se supermercados Imec de Lajeado. Ele também fundou a empresa de óleos Zonta & Chesini, com suas atividades já encerradas, lembra nosso “ Persona ”.

     Já seu avô paterno, Angelo Mottin, participou, na Itália, da Primeira Guerra e, inclusive, foi condecorado com Honra ao Mérito. Para afastar a família dos conflitos, Angelo chegou ao Brasil em 1921, com a esposa, Emília Scobro Mottin e os dois filhos, João e Antonio que, mais tarde, 21 de janeiro de 1938, viria a ser chamado de Irmão Clemente. Aqui no Brasil, nasceram mais dois filhos do avô Angelo e vó Emília: a Aniese, que viria ser a mãe de Sérgio e, Mário. O avô  Angelo trabalhou na antiga Pindorama e em outros locais. Por parte de pai, eram quatro homens: seu pai, Arduino e mais o Eurico, José, Luiz e cinco mulheres:  Ida, Carmela, Tereza, Angelina e Josefina. 

INFÂNCIA, FORMAÇÃO E POLÍTICA 

     Sérgio Chesini passou a infância no Bairro Chácaras. Lá ainda se encontra o prédio de sua casa materna. No bairro, cursou o Primário na Escola Municipal Madre Felicidade. A fase de Admissão aconteceu no Colégio Carlos Gomes, depois estudou o ginasial no Colégio Irmãos Maristas e, ali mesmo, cursou o Técnico em Contabilidade. Depois cursou a Faculdade de Economia em Bento Gonçalves e, após, em Porto Alegre, especializou-se em Finanças, na Fundação de Recursos Humanos e, finalmente, cursou Direito, na Unisinos, mas não concluiu o curso, pois resolveu participar da política em Garibaldi, no ano de 1976, se elegendo vereador e, em 1982, foi eleito vice-Prefeito ao lado de Ambrósio Chesini.  Além disso, Chesini também fez vários cursos profissionalizantes, destacando-se sua participação na Universidade de Agricultura de Fargo, Dakota do Norte, EUA, especificação no segmento Trigo, produção, armazenagem, transporte, seguro, moagem, etc. e, depois, na Bolsa de Cereais de Chicago, EUA, especializou-se em Comodities.

PENA BRANCA

     Sérgio Chesini iniciou suas atividades em Escritório de Contabilidade, a convite de Acyr Girondi, seu professor. Em1970, iniciou a trabalhar na empresa Cattani/Emer, organizando a parte administrativa, especializada em produção de matrizes, pintos de um dia e criação de frangos, segmento da Avicultura que surgia fortemente no Brasil. 

     Dessa fase em diante, o ramo cresceu e várias empresas surgiram, como: Aviário São Miguel, Luiz Marina & Cia. Ltda, Sérgio Chesini & Cia.Ltda e Ivo Emer & Cia. Ltda. oriundas de uma união de empresários da época, aproveitando os incentivos criados (juros subsidiados pelos Bancos Brasil, Banrisul e do Programas dos Governos Federal e Estadual) para desenvolver a Agricultura. Essas empresas formavam um complexo de matrizes, produção de ovos, incubatórios, produção de pintos de um dia e, granjas que surgiram para a criação e venda de frangos. Em 1973, a empresa já era uma das maiores do Estado, sendo a maior em Avicultura e Garibaldi se destacava no Brasil, sendo o maior produtor de frangos do Estado e produção de rações e concentrados.

     Em episódio interessante, Sérgio conta que, nesse momento, a atividade da Avicultura era separada. Cada empresário desempenhava um segmento: um produzia pintos, outro criava o frango, outro abatia e, outro vendia o suplemento vitamínico e o concentrado. Também eram produzidos em segmentos separados.

     A Sadia surgia como forte produtora no pais e havia importado dos EUA, um modelo de integração avícola, chamado de Verticalização da Avicultura, sistema esse que, segundo Sérgio, por eles foi adotado. Passada essa tentativa, um dos gerentes da agência do Banco do Brasil em Garibaldi, sugeriu aos empresários, criarem uma Associação. Porém, nesse momento, coincidentemente, se instalou uma crise na Cooperativa Vinícola Garibaldi Ltda, aconteceu uma intervenção pelo INCRA e, isso, desanimou os avicultores. Mais adiante tentaram organizar uma Sociedade Anônima que também não vingou.

     Assim, cada um tomou um rumo, surgindo, então, novo grupos, como: Sebben se juntou com Vicente Copat, surgindo a Frinal. Ivo Nicolini, com seu irmão, em Livramento, criaram o Frigorífico Nicolini. Em Pelotas, nasceu o Frango Nosso que, criava o frango em Garibaldi e embarcava para aquela cidade. Sobrou a Peteffi-Pasini, em Caxias do Sul, um dos maiores frigoríficos da época. Foi nesse instante que surgiu a pessoa do Sr. Erni, presidente do Moinho Cruzeiro do Sul, que era produtor de concentrado e rações da marca SUMIVIT, e era representado em Garibaldi e Região pela Cattani-Emer  e propôs se unirem e se integrarem  pelo Sistema Vertical, igual à Sadia. Cada empresa tinha sua função:  a Petteffi-Pasini, com o frigorífico de abate, Cattani/Emer com a criação de frangos e pintos de um dia e, surgia a PENA BRANCA S/A INTEGRAÇÃO AVÍCOLA com a fábrica de rações, fato esse que, em três meses, junho, julho e agosto de 1973, os objetivos já eram alcançados. 

     Assim, em 1º de setembro daquele mesmo ano, foi fundada a Pena Branca SA, Integração Avícola, em Caxias do Sul e Aviários Pena Branca S/A, parte da produção em Garibaldi.  

     Sérgio Chesini trabalhava meio turno na Cattani/Emer e, com a evolução dos negócios, começou a trabalhar tempo integral no controle contábil.  Ele destaca aqui o apoio de Valdir Cagliari que, na época, era responsável pela contabilidade da Cattani/Emer e, no início, auxiliou muito. Sergio passou a organizar toda a parte administrativa e financeira. 

     Com a construção do Incubatório novo iniciada em 1974, próximo à BR-470, antiga São Vendelino, as empresas cresciam.  

     Trabalhando junto com o presidente, dr.Erni, presidente do Grupo Cruzeiro do Sul, tinham quatro Moinhos: Canoas, Olinda/Recife-PE, São Luis do Maranhão e Belém do Pará, em cada um com a avicultura presente e diretores independentes. Sergio explica que, nessa época, todos os funcionários da Cattani-Emer passaram a integrar, então, a Pena Branca. Nesse momento, Sérgio Chesini, já respondia, também, pela chefia do escritório. A Cattani/Emer integralizou com o incubatório e granjas de matrizes. O Pettefi/Pasini ingressou com o frigorífico e o Moinho Cruzeiro do Sul com a fábrica de rações e aportes de recursos que, com isso, possibilitou o desenvolvimento do incubatório e outras granjas, além de, em Caxias, surgir um novo frigorifico, no bairro Cruzeiro.Ainda, em Garibaldi, na área do antigo prédio do Moinhos Bozzetto, se passou a produzir o Premix, crescendo com a Catamix, fábrica de suplemento vitamínico. Depois surgiu  a CPM, Cattani/Pettef/Moinho Participações Ltda. Sérgio crescia com a empresa e sua capacidade o conduzia para missões mais desafiadoras.

A EVOLUÇÃO NAS EMPRESAS

     Em 1980, passou a ser diretor Administrativo e Financeiro. De diretor, sempre na Pena Branca, passou a responder também para a área de Diretor no Frigorífico em Caxias do Sul, depois diretor de Produção. 

     Sempre no mesmo Grupo, Sérgio passou para organizar, também, as áreas de direção do frigorífico em Caxias do Sul e, após, diretor da área de produção. Lá tinham 1.619 funcionários e abatiam, em dois turnos, 8.000 frangos/hora, era uma linha considerada moderna para a época. O grupo adquiriu um frigorífico de suínos em Roca Sales e Sérgio assumiu a Diretoria com a responsabilidade de buscar exportar os produtos criados naquele município.

     Sérgio viajou por vários países, sempre ao alcance dos objetivos das empresas. Após 48 anos, 3 meses e 20 dias, aposentou-se. Mas não pensem que ele parou definitivamente. Longe disso. 

8 DE JULHO DE 2007: UM DIA MUITO TRISTE

     Sérgio relembra quando daquele acidente com um avião da TAM, voo 3054, que deixou 199 mortos. Entre eles, inclusive, faleceu o Superintendente da Vinicola Aurora, de Bento Gonçalves, saudoso Carlos Zanotto, carinhosamente chamado de Caio, 46, e do Diretor Financeiro, Ivanio Bonatto, 52. A aeronave, que saiu de Porto Alegre, RS, às 19h19, não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas, São Paulo. Sérgio estava no setor de embarque do Aeroporto Salgado Filho, acompanhado do presidente do Moinhos Cruzeiro, Rubem Wiethaeuper, naquele final de dia para embarcar à São Paulo. Por um equívoco da Secretária, Sérgio não viajou e teria que aguardar outro voo. O dr. Ruben Wiethaeuper, embarcou.  Sergio ficou sentado no saguão lendo um livro quando, mais tarde, seu filho, Nicholas, lhe telefonou desesperado, pedindo para saber onde ele se encontrava. Sérgio disse que aguardava novo voo para São Paulo, quando foi informado da fatalidade.Sérgio, chocado com a notícia, ao ser abordado pelo responsável do setor de embarque que o conhecia diante de tantas vezes que ali se encontravam nas viagens por ele realizadas, Sérgio era passageiro Vip, disse: 

 “ Acho que Deus me deu o sinal que tenho outra missão a cumprir aqui na terra, pois o equívoco inusitado da Secretária, evitou que eu embarcasse naquela aeronave “.

PAÍSES 

     Durante suas atividades, Sérgio Chesini viajou por vários países a negócios de Moagem/Trigo e Avicultura: Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Estados Unidos da América, Canadá, México, Rússia, Ucrânia, Polônia, Alemanha, França, Porto Rico, República Dominicana, Colômbia, Holanda, Itália e Suíça.

     Ele também presidiu e participou de diversas entidades como: FIERGS, ANAB-Associação Nacional de Abatedouros Avícolas. Foi diretor do Conselho de Administração da CRM Cia. Riograndense de Mineração, vice-Presidente da ASGAV-Associação Gaúcha de Avicultura, membro da Diretoria da ABEF-Associação Brasileira de Exportadores de Frangos, membro da Câmara Brasil/Argentina de Livre Comércio e da diretoria da ABITRIGO-Associação Brasileira das Indústrias do Trigo, entre outros.



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