Polícia

Golpe: Presidente da Unick diz nunca ter afirmado que devolveria dinheiro

Pirâmide financeira que enganou centenas de pessoas em Garibaldi, Carlos Barbosa e Bento Gonçalves segue sendo investigada
27/01/2020
Portal Adesso

     Conforme levantamento feito pelo MP, a empresa Unick Forex movimentou mais de R$28 bilhões e deve cerca de R$12 bi a quase 1 milhão de clientes. O esquema foi deflagrado pela Polícia Federal no final de 2019, prendendo o presidente Leidimar Lopes e outros integrantes da pirâmide.

     O Jornal NH de Novo Hamburgo,  publicou no último dia 22 de janeiro, que obteve acesso a escutas telefônicas envolvendo conversas do presidente da Unick Forex e pessoas próximas a ele. Em uma das conversas, Leidimar Lopes afirma que criou a empresa para “quem quer continuar” e fala sobre os clientes que estavam solicitando saques integrais de seus valores mantidos na plataforma: “Eles que vão se f… agora.”, disse o presidente.

     Ainda conforme a conversa divulgada pelo Jornal NH entre Lopes e um familiar próximo, ocorrida em setembro de 2019, ele afirma:

“Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém. Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Que se f… agora.”

     Por meio do diálogo, é possível ver um completo desdém do presidente da Unick Forex com os investidores que pediram o saque integral dos seus valores retidos na plataforma. O motivo dos pedidos de saque foi o atraso no pagamento dos rendimentos, que à época da conversa já não eram pagos há três meses.

     Ele se mostra irritado com os pedidos de saque em massa e afirma:

“Por que os que continuam tão tudo certo aqui? Por que eles quiseram cancelar? Eles que vão se f… agora. Não mandei ninguém pedir cancelamento. Eu organizei a empresa pra quem quer continuar, não pra quem quer parar.”

     O familiar com quem Lopes conversa afirma que “dá até medo de sair”, referindo-se às ameaças sofridas pelos investidores que não conseguem reaver seus valores. O presidente da Unick Forex então afirma:

“É, tem que se cuidar. Quando ir pra lá, ir com a (inaudível) e com a pistola carregada, e se baterem no carro ou se chegarem perto, não tem que parar. Se furar um pneu, uma coisa, tem que continuar.  Porque daqui um pouco o cara tá ali atrás e finge um acidentezinho, dá aquela batidinha só pro cara parar e descer. Tem que se fazer de loco eeee lá no meio do mato lá, se alguém se atravessar, tem que meter em cima e tocá-lhe fogo. Não dá pra dá moleza.”

     O familiar de Lopes então responde:

“É, já vô carregar os pentes. Carreguei dois pente de bala, vou carregar mais um outro. Eu tô a fim de ir lá pra fora, lá pra Neli uns dia. Ficá pra lá.” De acordo com informações constante dos autos, aparentemente os valores contidos nas contas particulares dos membros da Unick desapareceram. Desta forma, não há nas contas quantias para ressarcir os clientes da empresa – apenas os 1.500 Bitcoins apreendidos no momento da prisão de Leidimar Lopes. Os valores foram supostamente convertidos em imóveis ou enviados ao exterior.

Presos há três meses

     Leidimar Lopes, Danter Silva (diretor de marketing da Unick) e Fernando Lusvarghi (diretor do setor jurídico da Unick) foram presos em outubro de 2019, como resultado da deflagração da Operação Lamanai, desencadeada pela Polícia Federal. Como resultado da operação, 10 mandados de prisão e 65 mandados de buscam e apreensão foram cumpridos. Um relatório da Receita Federal estima que a Unick Forex tem uma dívida que beira R$1,1 bilhão com seus mais de 23 mil clientes.

Desde então, Lopes já impetrou pedidos de habeas corpus em diversas jurisdições, inclusive ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, todos eles sendo negados.


MAIS NOTÍCIAS