Economia

Governador apresenta impactos da reforma tributária para a Serra Gaúcha

Em videocoletiva com jornalistas da região Eduardo falou sobre as propostas da Reforma Tributária RS
18/08/2020
Portal Adesso - Foto: Divulgação/Felipe Dalla Valle

     O governador do Estado, Eduardo Leite, participou, na manhã desta terça-feira (18), de uma vídeocoletiva, com jornalistas de veículos de comunicação da Serra Gaúcha. A conferência por vídeo serviu para o governador trazer para o debate público a Reforma Tributária RS. Na oportunidade Leite apresentou as propostas de mudança no Sistema Tributário do Estado e as implicações para as economias municipais.

     Conforme dados apresentados pelo governador Eduardo Leite e pelo subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, os principais municípios da região podem perder R$ 83,7 milhões caso não haja medidas compensatórias com o fim da majoração das atuais alíquotas de ICMS de álcool, gasolina, energia e telecomunicações (de 30% para 25%) e da alíquota modal (de 18% para 17%) no fim deste ano.

     Foram consideradas neste cálculo Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis, Guaporé, Vacaria, Nova Petrópolis, Gramado, São Francisco de Paula, Lagoa Vermelha, Taquara e Igrejinha. Se consideradas todos os municípios gaúchos, a queda é projetada em R$ 850 milhões, além de R$ 2 bilhões que ficam no caixa do Estado.

     Segundo as estimativas do Governo do Estado, Garibaldi teria uma perda de arrecadação de mais de R$ 3,5 milhões, o que impactaria em uma redução de 20,5% nos investimentos do município. Essa redução causaria a quedas de 12,4% nos valores aplicados em educação e 14,6% nas verbas destinadas a saúde. Em Carlos Barbosa a situação é um pouco pior, segundo os dados apresentados pelo governador. O município perderia quase R$ 5 milhões em arrecadação, o que acarretaria uma redução de 38,2% nos investimentos, sendo que a educação teria perdas em torno de 18,2% e a saúde em 21,8%.

     Isso ocorre porque a arrecadação de ICMS do Estado é repartida em 25% com os municípios, de acordo com uma série de parâmetros que definem, todos os anos, o valor de retorno para cada prefeitura. Como a receita do Estado com combustíveis, energia e telecomunicações cairá, as prefeituras terão retorno do ICMS menor a partir de janeiro. Além disso, o tributo faz parte das receitas que compõem o Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

     Segundo Eduardo Leite o Estado tem, neste momento três alternativas: prorrogar as alíquotas, o que garantira os níveis de arrecadação, mas pesaria no bolso do cidadão, não fazer alterações e deixar as alíquotas caírem no fim do ano, o que, segundo a visão do governo, seria pior ainda, pois causaria à precarização de serviços públicos. “E aí entra a terceira alternativa, a que estamos propondo com a Reforma, que não vai aumentar a atual carga tributária, mas vai tributar melhor e manter os níveis de arrecadação de um jeito mais justo, mais racional, mais eficiente”, disse o governador na coletiva.

     Entre as medidas da Reforma Tributária RS que compensam a queda das alíquotas majoradas, estão a revisão das alíquotas de ICMS – que vai ser reduzido em R$ 1 bilhão –, a revisão dos benefícios fiscais concedidos, a tributação maior do patrimônio (IPVA – que é repassado em 50% às prefeituras – e ITCD), bem como uma agenda de combate à sonegação e à informalidade.

     Essas ações permitirão manter os patamares atuais de receita e devolver parte do imposto sobre consumo para as famílias de baixa renda, fazendo com que a carga atual seja menor regressiva. Conforme o subsecretário Ricardo Neves, a devolução de até R$ 450 milhões para as famílias de menor renda em todo o Estado, em 2023, também será importante para os municípios por aumentar o poder de consumo dessas famílias.

     “Os gaúchos de menor renda contarão com um cartão no qual serão depositadas as parcelas de devolução do ICMS. Com esse cartão, poderão consumir em serviços e no comércio”, disse o subsecretário.

     Ricardo Neves também destacou que o conjunto de medidas em discussão diminui a carga de ICMS sobre as famílias de qualquer faixa de renda. “Na reforma proposta, a arrecadação total de ICMS cairá cerca de R$ 800 milhões e, somada à devolução para as famílias de menor renda, conseguiremos atenuar a regressividade do imposto”, acrescentou.

     Com a Reforma, as prefeituras manteriam o patamar de arrecadação atual, pois a redução de ICMS seria compensada por impostos sobre o patrimônio e ainda se espera ganho de arrecadação do ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). A redução do imposto sobre energia elétrica, combustíveis e comunicação tem impactos positivos no tributo municipal, e as empresas prestadoras de serviços são intensivas nesses insumos, ou seja, a redução dos custos elevará a competitividade.

Incentivo ao vinho gaúcho

     Uma das medidas que interessa à Serra é a questão do vinho. Com a redução do número de alíquotas proposta pelo Estado, haverá queda das alíquotas incidentes sobre a maior parte dos produtos. Entre os que terão elevação das alíquotas está o vinho, que era tributado a 18% e passaria a ter alíquota de 25%, igualando-se ao que já é aplicada às outras bebidas (exceto águas minerais, refrescos, sucos e bebidas de frutas).

     “A ideia é conceder benefício fiscal ao nosso vinho, para reduzir a carga tributária do produto gaúcho, de modo que vinhos importados e de fora do RS vão pagar mais, dando mais competitividade ao nosso. Além disso, ao encaminharmos para a Assembleia a Reforma, retiramos alguns produtos, inclusive o vinho, da necessidade de contribuir com 10% para o Fundo Devolve-ICMS. Assim, acreditamos que estamos favorecendo e dando vantagem ao vinho gaúcho, mas estamos dispostos a continuar conversando com a Assembleia para chegarmos à melhor solução”, afirmou o governador.


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