Polícia

Cavalos eram mortos e carne utilizada para fazer hambúrgueres na Serra

Esquema foi desarticulado pelo Ministério Público, que cumpre 15 mandados de busca e apreensão
18/11/2021
Portal Adesso - Fotos: Divulgação
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     Um esquema de venda clandestina de carne de cavalo em hamburguerias de Caxias do Sul foi desarticulado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), na manhã desta quinta-feira (18). A chamada operação Hipo estabeleceu 15 mandados de busca e apreensão e, até o momento, seis pessoas foram presas. Em torno de 70 agentes do MPRS, Brigada Militar (BM) e Secretarias de Estado da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural participaram da ação.

     A investigação, iniciada há cerca de dois meses, teve início a partir de notícias da Inspetoria de Defesa Agropecuária de Caxias do Sul, que relatou ao MPRS a existência de abate clandestino de cavalos, com posterior trituração da carne, para venda a estabelecimentos comerciais que utilizam carne moída como ingredientes, em Caxias do Sul e região, além da alimentação de suínos com restos de comida de restaurantes.

     Em análise das conversas interceptadas pelo MPRS com autorização da Justiça, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Segurança Alimentar, apurou que o grupo investigado abastecia estabelecimentos da cidade com grandes quantidades de carne (em forma de hambúrgueres e bifes) provenientes do abate clandestino de equinos, suspeita que foi confirmada através da realização de perícias em duas hamburguerias de Caxias, em cujos lanches foi encontrada presença de DNA de cavalo. Também eram misturadas carnes de peru e suíno.

     Durante a investigação, o Gaeco comprou hambúrgueres em três estabelecimentos comerciais de Caxias do Sul que costumavam adquirir carne moída do grupo investigado. O DNA de cavalo foi identificado na carne de lanches adquiridos de dois dos estabelecimentos: Mírus Hambúrguer Ltda. ME e Natural Burguer. 

     Conforme o Ministério Público, além do grupo não possuir autorização para o abate e comercialização de nenhum tipo de carne, os locais onde a mesma era processada apresentava péssimas condições de higiene e sanitização.

     Três pessoas eram responsáveis pelo abate clandestino e beneficiamento da carne sem procedência; uma mulher, parente dos primeiros, atuava como “telefonista”, tendo conhecimento das práticas criminosas e auxiliando a família no esquema; outro homem com estreita ligação com a família recolhia os restos de comida dos estabelecimentos para alimentação de suínos e é considerada pelo Gaeco peça importante no abate e comércio clandestino de carnes. O sexto homem é o responsável principal pela comercialização da carne na forma de hambúrgueres e bifes para restaurantes, ou seja, o elo do grupo criminoso com os clientes. Outros dois são os responsáveis pela confecção dos hambúrgueres e, por fim, o último tinha como função encontrar e comprar os cavalos que posteriormente seriam abatidos.

     As escutas apontam também a utilização de carne estragada, lavada para tirar o odor e misturada a outras na confecção dos hambúrgueres. Há indícios, ainda, de que alguns dos animais abatidos pelo grupo seriam subtraídos de carroceiros, sendo que os próprios carroceiros estariam furtando os cavalos uns dos outros para fornecer ao abate para o grupo criminoso.


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