Economia

Dia Internacional do Cooperativismo é celebrado neste sábado

Cooperativas vitivinícolas da Serra representam mais de 4 mil famílias
30/06/2023
Portal Adesso- fotos: Augusto Tomasi/ Divulgação





O cooperativismo representa importante meio para o mundo alcançar o desenvolvimento sustentável, como a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já reconheceu. Um dos grandes motivos para isso está em seu propósito de não visar apenas o lucro, e sim as pessoas, através da disseminação – e da prática – de valores como solidariedade, cooperação e democracia.

O Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no primeiro sábado de julho, convida a entender como tais princípios são capazes de transformar uma sociedade por meio de pessoas que se organizam em cooperativas, como é o caso da Cooperativa Vinícola Garibaldi. “Somos uma sociedade de pessoas. Elas são o nosso capital”, pondera seu presidente, Oscar Ló.

Sendo assim, todo o poder emana do associado. Na Cooperativa Vinícola Garibaldi são 450 famílias de pequenos produtores que se estruturam, produzem e crescem juntas, no mesmo passo do negócio. Associado há 25 anos, Dirceu Pasini sabe como o interesse pelas pessoas proposto pelo cooperativismo contribui para seu crescimento. “Quando comecei, não tinha nem meio hectare de vinhedos. Hoje, com a família, temos 18 ha”, diz o produtor da linha São Jorge, interior de Garibaldi. “A cooperativa nos incentivou a plantar mais uvas viníferas. Nós até tínhamos resultado, mas não como agora. Está ótimo”, conta Pasini, cuja história com a cooperativa remete a seu avô e hoje segue com os dois filhos e a esposa, também associados.

Essa continuidade, de geração para geração, é apenas uma entre as tantas vantagens que as famílias associadas a uma cooperativa têm. “A sucessão ocorre porque há uma contribuição para a reprodução do modo de produção”, diz o diretor-executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Helio Marchioro. Para ele, o modo de operação do cooperativismo é o ponto central na relação de trabalho que possibilita o crescimento mútuo de cooperativa e cooperativados. 

Inseridas numa cooperativa vitivinícola as famílias têm acesso à assistência técnica, tendo contato com tecnologias e inovação, e à possibilidade de participarem de projetos coletivos, visando a diminuição dos custos de produção. 

Assim como os ganhos são perceptíveis para associados de longa data, como é o caso de Pasini, novos cooperados também desfrutam dos benefícios de fazerem parte de uma cooperativa. Vlademir Zantedeschi, produtor na linha 130 da Leopoldina, em Santa Tereza, se associou a Cooperativa Vinícola Garibaldi em 2022 e percebeu as diferenças de estar inserido num novo contexto. “Hoje, o melhor meio é o cooperativismo, porque temos menos burocracia para resolver e mais ajuda para produzir com qualidade”, relata ele, que tem um irmão associado há mais de 10 anos. “A experiência está sendo muito boa”, diz Zantedeschi.

A garantia de remuneração é, sem dúvidas, uma das formas que o cooperativismo tem de valorizar o produtor, assegurando renda e trabalho ao cooperado. “Tendo a cooperativa, o produtor não precisa ficar preocupado em como vai vender o vinho, precisa apenas se preocupar em produzir com qualidade. A indústria e o mercado são responsabilidades de quem ele contrata, afinal, o cooperado é o dono do negócio”, diz o presidente da Fecovinho, Valderiz Pozza. 

As cooperativas vitivinícolas estabelecidas na Serra são compostas por milhares de pessoas inseridas na agricultura familiar. Essas cooperativas representam mais de 4 mil famílias e respondem por 25% da produção do setor e por 34% da comercialização de produtos envasados.

O diretor-executivo da Fecovinho destaca que o cooperativismo permitiu, de certo modo, a reprodução da agricultura familiar na vitivinicultura. Assim, a base produtiva da agricultura vitivinícola na Serra, diferentemente de outras regiões do mundo, está baseada em famílias de pequenos agricultores. “Essas famílias tiveram uma importante ferramenta no que se refere à organização e ao desenvolvimento econômico que as sustentam na atividade a partir de empreendimentos cooperativos. Por isso, aqui, a identidade cooperativa em primeiro plano está a organização social das pessoas e, em consequência, nos propósitos que elas definirem”, avalia Marchioro.

A Cooperativa Vinícola Garibaldi expressa esse desenvolvimento. De acordo com seu relatório de sustentabilidade, em 2022 a cooperativa gerou uma receita bruta de 267,8 milhões com a vinificação de 26,1 milhões de quilos de uvas, provenientes de suas 450 famílias associadas - distribuídas em 17municípios do Estado do RS. Outro dado que reafirma sua responsabilidade social é a geração de impostos, foram 50,9 milhões de reais recolhidos apenas no ano passado.

Tudo isso tendo como foco as pessoas e cumprindo seus preceitos cooperativos como participação econômica, formação e interesse pela comunidade. “Um dos grandes méritos do cooperativismo é estar focado nas pessoas, o que aumenta a qualidade das relações. Cada vez mais a sociedade percebe que esse formato de negócio é uma alternativa para as relações de trabalho, criando novos valores em que todos ganham. É com valores assim que o cooperativismo tem contribuído para a construção de uma sociedade que se desenvolve a partir da sustentabilidade”, define Ló.

 



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