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Morre Mary Terezinha, a eterna parceira de Teixeirinha

Aos 79 anos, Acordeonista e cantora marcou história da música gaúcha ao lado do “Rei do Disco”
30/06/2025
Portal Adesso -
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      Faleceu nesta segunda-feira (30), aos 79 anos, a cantora e acordeonista Mary Terezinha, uma das figuras mais emblemáticas da música regionalista do Rio Grande do Sul. A artista morreu em casa, em Porto Alegre, de causas naturais, após complicações decorrentes de uma queda que resultou em fratura do fêmur. A informação foi confirmada por seu filho, Alexandre Lima Teixeira.

     Com uma trajetória artística que se confundiu com a história da música gaúcha, Mary Terezinha ficou nacionalmente conhecida pela longa parceria — profissional e pessoal — com o cantor Teixeirinha. Juntos, protagonizaram 12 filmes entre as décadas de 1960 e 1980, gravaram dezenas de discos e realizaram incontáveis apresentações em palcos, rádios e programas de televisão. Nascida em março de 1946, na cidade de Tupanciretã, Mary iniciou sua carreira ainda na infância. Aos sete anos, já tocava acordeom com maestria e ganhava reconhecimento por onde se apresentava. O talento precoce lhe rendeu o apelido de "Teixeirinha de saias", por suas interpretações das canções do cantor. A parceria com Teixeirinha teve início ainda na adolescência, quando ele procurava um gaiteiro e encontrou em Mary não apenas a artista ideal, mas também uma companheira de vida — os dois tiveram dois filhos, Alexandre e Liane.

     Ao longo de 22 anos, a dupla percorreu o país levando a cultura gaúcha a milhares de espectadores. A relação chegou ao fim em 1984. No ano seguinte, Mary se casou com o mentalista Ivan Trilha, com quem viveu até 1989.Além da carreira musical, Mary também se destacou como escritora. Em 1992, lançou sua autobiografia, A Gaita Nua, na qual revelou bastidores de sua vida ao lado de Teixeirinha e os desafios enfrentados ao longo da carreira. Na segunda metade da década de 1990, ela se converteu ao evangelho e passou a cantar músicas gospel, gravando seis CDs com letras de sua autoria — sem abandonar os ritmos regionais como o vanerão e a rancheira.

     Nos últimos anos, problemas de saúde, especialmente dores na coluna, a afastaram dos palcos. Durante a pandemia, segundo o filho, Mary ficou reclusa, o que contribuiu para o agravamento do seu estado de saúde. A data e o local do velório ainda não foram divulgados. Segundo a família, a cerimônia será aberta ao público, para que fãs possam prestar a última homenagem à artista que ajudou a moldar a identidade cultural do Rio Grande do Sul.

Teixeirinha: o ídolo que virou mito

     Nascido em Rolante (RS), em 3 de março de 1927, Teixeirinha enfrentou uma infância marcada por tragédias: perdeu o pai aos 6 anos e viu a mãe morrer quando tinha apenas 9. Essa dor foi retratada no clássico “Coração de Luto”, lançado em 1960, que vendeu mais de 1 milhão de cópias e o consagrou como fenômeno de vendas — daí o apelido “Rei do Disco”.

     Com mais de 120 milhões de discos vendidos, 1.300 composições registradas, 12 filmes produzidos e estrelados por ele mesmo, Teixeirinha se tornou um dos artistas mais populares do Brasil entre as décadas de 1960 e 1980. Seu sucesso extrapolou o Sul do país e o tornou referência de resistência cultural e musical popular.

     Faleceu em 4 de dezembro de 1985, em Porto Alegre, vítima de câncer linfático. Seu velório reuniu cerca de 50 mil pessoas.




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