Carros e Motos

Carro de leilão custa 30% mais barato, mas há riscos

17/09/2013
UOL CARROS - Ricardo Ribeiro Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)


     Antes frequentado apenas por empresas, os leilões de carros estão recebendo mais consumidores comuns. Segundo leiloeiros ouvidos por UOL Carros, cerca de 20% dos arremates são feitos por pessoas físicas -- quatro vezes mais do que há cinco anos. Também de acordo com eles, o veículo de leilão tem preço, em média, 30% menor que o de tabela.

     Mas a compra requer cuidados, e antes de bater o martelo o consumidor precisa ficar atento a alguns aspectos. "Há depreciação no preço para compensar o risco que a pessoa corre. O carro é vendido no estado em que se encontra e não há garantia", explica o leiloeiro Moacir de Santi, da Sodré Santoro Leiloeiro Oficial.

 

ANTES DE COMPRAR

 Leia com atenção o edital e o descritivo de venda


Compareça à vistoria física e avalie o estado do carro; é possível levar um mecânico de confiança


A idoneidade do leiloeiro é crucial; se tiver dúvidas, verifique o histórico da empresa na junta comercial


Calcule quanto gastará com reparos e documentação do veículo; o desconto em relação ao preço de tabela pode não compensar


     O carro pode ter problemas mecânicos, e nesse caso os reparos são por conta do comprador. Custos com documentação e eventual transporte (como guincho), também não estão incluídos. E ainda podem haver débitos, como multas ou impostos atrasados. "Por isso é importante ler o descritivo da venda no edital do leilão, que tem essas informações. O interessado também deve comparecer na vistoria física, feita pouco antes do leilão, para ver o estado do veículo", alerta Santi.

     Há pechinchas, como modelos superesportivos apreendidos pela polícia. "Já vendemos uma Ferrari pela metade do preço, um desconto de R$ 1 milhão, e que não tinha nem 1.000 km rodados. Mas aí é 'carro de bandido'. Não é todo mundo que topa usar um modelo com esse histórico", revela um leiloeiro que pede para não ser identificado.    

     Outros casos curiosos são de veículos roubados e depois recuperados, que podem ter sido usados na prática de crimes -- apresentando até marcas de tiros na lataria.

     Mas a maioria dos carros leiloados é de carros financiados que foram apreendidos por falta de pagamento, ou então "sinistrados" -- ou seja, acidentados. Carros que tiveram perda total, após o recebimento do prêmio pelo proprietário, são levados a leilão pelas seguradoras.

     "O carro muito batido, ou atingido numa enchente, é mau negócio, mas há carros que sofreram danos pequenos no caminhão-cegonha, no transporte entre o fabricante e o concessionário. A seguradora paga ao fabricante, mas o carro está quase novo", orienta o leiloeiro. Além do risco e do histórico do carro, outra desvantagem da compra em leilão é que o veículo precisa ser pago à vista.


SÓ COM LAUDO

     A única maneira de descobrir se o carro oferecido numa loja foi comprado em leilão é pedir laudo em empresa especializada, que mostra histórico do carro, como proprietários anteriores e batidas por cerca de R$ 150; muitas lojas anunciam carros "periciados", como prova de que não são de leilão


     "O proprietário que está com o financiamento muito atrasado sabe que terá o veículo apreendido e já não cuida mais dele. Alguns até depenam, tirando rodas originais e equipamentos. São carros muito maltratados", afirma Nasser Salloum Filho, diretor comercial da Caltabiano e responsável pela área de seminovos.

     Para Salloum Filho, outros problemas são a dificuldade para avaliar o real estado do carro antes do leilão e a baixa aceitação depois. "O carro de leilão ainda é discriminado no mercado. Há uma depreciação de até 40% na revenda e a maioria das seguradoras recusa cobrir o modelo", diz.

     Por ora, a única maneira de saber se um carro à venda numa loja -- cuja documentação geralmente vai estar em nome da própria loja -- passou por um leilão, independentemente do motivo, é solicitar laudo em empresa especializada. Esses relatórios mostram toda a "vida" do veículo, incluindo acidentes e proprietários anteriores. O serviço custa entre R$ 150 e R$ 180.

 

MAIS NOTÍCIAS