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Cervejarias locais redobram cuidados após o ocorrido em Minas Gerais

Segundo mestre cervejeiro é muito difícil que algo como o que aconteceu no Estado mineiro venha a se repetir por aqui
16/01/2020
Portal Adesso - Foto: Divulgação

     Devido aos casos de intoxicação por dietilenoglicol, que levaram duas pessoas a óbito em Minas Gerais, após consumirem a cerveja Belorizontina, produzida pela empresa Backer, as cervejarias da região ficaram em estado de alerta. 

     Segundo o mestre cervejeiro Carlos Augusto Ribeiro, da Cervejaria Trinker, é muito difícil que algo como o ocorrido no Estado mineiro venha a se repetir por aqui, mas alguns cuidados são sempre bons. “Hoje em dia grande parte das cervejarias são automatizadas, mesmo pequenas produtoras estão tomando esse caminho. Apesar da automação, todas as etapas são supervisionadas”, explica Ribeiro.

     Ainda conforme o mestre cervejeiro, o tipo de tanque de resfriamento utilizado para fazer cerveja é igual ao utilizado para armazenagem e fabricação de outros produtos. ”Os tanques com serpentinas para resfriamento são utilizados também em vinícolas e para armazenamento de leite, por exemplo. Tanques de inox são seguros, pois não permitem o contato do produto anticongelante (utilizado para que a água de resfriamento continue líquida mesmo com uma temperatura abaixo de 0°C), com o que está dentro do tanque”.

     Em sua maioria as cervejarias da região não utilizam o dietilenoglicol como agente anticongelante. Por ser mais barato é utilizado álcool etílico, que também permite que a água se mantenha líquida em temperaturas negativas e não é tóxico aos seres humanos.


Entenda o ocorrido em Minas Gerais.


A Polícia Civil de Minas Gerais está investigando diversos casos de intoxicação por dietilenoglicol, em pessoas que beberam a cerveja Belorizontina, produzida pela cervejaria mineira Backer. Até o momento foram confirmadas duas mortes ligadas ao consumo da cerveja. Um homem teve a morte confirmada, na manhã desta quinta-feira (16), devido a complicações decorrentes do quadro de insuficiência renal e alterações neurológicas causado pela intoxicação. 

Já a primeira morte foi registrada na noite de 7 de janeiro, em Juiz de Fora. Exames a que a vítima foi submetida antes de morrer confirmaram a presença de dietilenoglicol no sangue. Vestígios do dietilenoglicol já foram encontrados no sangue de vários pacientes internados após apresentarem sintomas de síndrome nefroneural, causada pela intoxicação.

Os sintomas apresentados foram insuficiência renal aguda de evolução rápida (ou seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas) e alterações neurológicas centrais e periféricas que podem ter provocado paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia, entre outros sintomas.

O dietilenoglicol é altamente tóxico. A substância é utilizada para refrigeração de máquinas durante processo de produção. O dietilenoglicol também é utilizado em radiadores de automóveis para resfriar o funcionamento do motor. Em cervejarias o produto pode ser utilizado nas partes externas dos tanques para resfriar o mosto durante o processo de fermentação, que deve ser feito em temperatura baixa. 

O produto não deve, em nenhuma etapa, ser misturado a alimentos ou bebidas, pela sua alta toxicidade. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou que a água utilizada na fabricação da cerveja estava contaminada pela substância.


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