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Renault Kwid: gasta pouco e anda bem!

Por Guilherme Rocket
02/06/2022
Portal Adesso
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     As opções de carro “de entrada” no Brasil estão restritas a Fiat Mobi e Renault Kwid. Nenhum dos dois está barato. Partem dos R$60 mil. É o preço que quem busca um zero-quilômetro precisa desembolsar. Mas e o Renault Kwid vale a pena?

     Levei para a estrada a versão Intense, intermediária, em um teste para o canal Veículos & Velocidade, no YouTube.  Por fora, a renovação de meia vida deixou o compacto mais moderno. A grade ficou mais imponente e o elemento ótico na parte superior virou a guia da luz de condução diurna, que também funciona como sinaleira. Na parte de baixo estão os faróis principais, que agora tem dupla parábola. O conjunto ficou mais bonito mas o modelo perdeu os faróis de neblina das versões topo anteriores.

     Na parte de trás, a mudança mais perceptível é a sinaleira, com luz de posição noturna em led. Na lateral, novas calotas que parecem muito com rodas de liga leve diamantadas. O Kwid continua enganando quem olha o carro de longe.

     Por dentro, apliques em preto brilhante tentam dar uma ideia de sofisticação. A central multimídia é a Media Evolution da Renault, que já esteve presente em outros carros e tem tela de oito polegadas. Com baixa resolução, ela tem poucas funções, quando comparada com a central presente hoje no Fiat Mobi.

     Outra mudança está no painel de instrumentos. Ele abandonou os ponteiros e ganhou um visor central digital, com resolução tal qual uma calculadora, mas bastante completo. O computador de bordo inclui média de consumo, autonomia, distância percorrida e até monitoramento da pressão dos pneus. O problema está no conta giros e nos marcadores de temperatura e do nível de combustível. Eles são agora apresentados em barras, iluminadas com led. O conjunto se tornou impreciso porque a medição das rotações por minuto é mostrada de 500 em 500. Não é possível saber, por exemplo, se o motor está girando a 1,7 mil rotações.

E ao volante?

     Dirigir o Renault Kwid trouxe duas surpresas. Uma esperada: o baixíssimo consumo de combustível. Entre Porto Alegre e Três Coroas, consegui chegar a mais de 20 km/l de média de consumo. Isso usando o ar-condicionado, com duas pessoas no carro e pouca bagagem. Depois de subir a serra, a média baixou para 18 km/l, ainda assim um número muito bom.

     Outra surpresa, está inesperada, foi na experiência de condução. Ainda que o Kwid tem uma suspensão elevada, ele se segura bem nas curvas e não é mole. O motor 1.0SCe, de três cilindros, casado com o câmbio manual de cinco marchas, responde bem e o carro ganha velocidade mesmo em subidas.

     Esse comportamento não está presente por exemplo em um Fiat Mobi, sobre o qual vamos falar em outra oportunidade. Mas nem tudo são flores no compacto.

Motorista que se ajusta ao carro

     O banco do condutor não tem regulagem de altura e o volante não tem regulagem de profundidade e altura. As únicas possibilidades são a proximidade do assento com a direção e a inclinação do encosto. Algo básico. A perna do condutor fica com o joelho elevado enquanto o motorista está acelerando o carro. A posição é desconfortável para viagens longas e para quem passa muito tempo dirigindo. Atrás, o Renault Kwid tem pouco espaço. É preciso abaixar a cabeça para não bater na borracha superior da porta. Para sair, o modelo exige contorcionismo. Em um carro subcompacto, não poderia ser diferente.

     Fora isso, os equipamentos considerados básicos hoje estão lá. A direção elétrica é muito macia, o ar-condicionado tem as regulagem tradicionais, os vidros elétricos são apenas nas portas da frente e as travas elétricas tem comando pela chave. Ao travar o carro, os vidros não levantam. É preciso fazer isso antes de desligar o motor. O porta-malas também tem abertura pela chave. O compartimento também pode ser aberto por um botão à esquerda do volante, no painel.

Fazer mudança num Kwid?

     O espaço para bagagens surpreende. É bem maior que o Fiat Mobi e levou com folga as mochilas na viagem para a Serra. Enquanto o Renault Kwid estevecomigo, ainda precisei terminar a minha mudança de apartamento em Porto Alegre. E aqui fica o convite: assiste o vídeo no canal do YouTube do Veículos & Velocidade para ver o tanto de coisa que foi possível carregar dentro do carro. Até uma escada eu levei.

E vale a pena?

     Carro no Brasil sempre foi caro e agora parece que chegou em níveis proibitivos. Gastar R$60 mil em um compacto parece coisa impensável alguns anos atrás. Essa é a nova realidade. Quem precisa de um modelo zero-quilômetro por que não quer se preocupar com manutenção ou problemas vai precisar olhar com mais carinho para o Renault Kwid.

     Alguns anos atrás, a oferta de veículos de entrada era bem maior. Agora, há apenas ele e o Fiat Mobi. Cada um com pontos positivos e negativos. Se tu aprecias uma condução um pouco mais esportiva, gosta de pegar estrada no fim de semana e mesmo assim quer investir em um modelo novo, o Kwid pode ser um bom companheiro. De brinde ainda te dá baixo consumo de combustível. Ideal em tempos de crise.



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